Conheci o Projeto Crianças do CRUSP, ou a Salinha das crianças, como carinhosamente chamamos, logo no início de minha graduação em Pedagogia, FEUSP, em 2011. Procurava ser bolsista de um projeto de educação, além de integrar minha pouca renda de estudante e mãe solo da Sofia que, na época, tinha dois anos. O que não imaginava era como essa experiência iria contribuir profundamente na minha formação como estudante, educadora, mulher e mãe. Tornei-me educadora e minha filha também foi acolhida no Projeto. Nele, realizei encontros formativos com parceiros do Projeto e me uni à história de luta pela conquista e manutenção desse espaço como um lugar de defesa da infância e de pertencimento das crianças e suas famílias de estudantes moradoras/es do CRUSP. Lembro do encantamento e inspiração ao ler os “livros de registros” das atividades diárias e relatos de vivências únicas. A Salinha tem história para contar! Realizávamos semanalmente reuniões coletivas de trocas de experiências distintas de nossos cursos, discussão de propostas e projetos, além da participação ativa das crianças. Éramos envolvidas/os e comprometidas/os e, isso, nos fez criar vínculos de afeto com as crianças e entre nós, numa relação de intimidade e liberdade na educação, respeitando diferentes formas de ser. Hoje, como professora da rede pública, percebo o quanto essa experiência foi um aprendizado nos contextos democráticos e coletivos que vivi, mantendo grandes amizades, assim como Sofia, além de minha parceria e gratidão ao Projeto.
Ana Carolina Haipek, estudante e mãe da Sofia